Santos Dumont ou os Irmãos Wright?

O início do século XX foi marcado por uma revolução tecnológica sem precedentes. Entre as novas áreas de desenvolvimento científico, estava a aeronáutica. Diversos inventores estavam em uma corrida contra o tempo para serem os responsáveis pela criação da primeira máquina voadora mais pesada que o ar. O avião é o resultado da combinação do trabalho desses idealizadores.
Mas não se pode negar que o brasileiro Dumont e os irmãos norte-americanos, Wilbur e Orville Wright, são dos pioneiros da aviação que receberam mais notoriedade nesta disputa. E, até hoje, geram controvérsias sobre quem afinal foi o primeiro a ter sucesso na criação de uma máquina voadora mais pesada que o ar.
Pelas regras estabelecidas pelo Aeroclube da França, que naquela época era a instituição aeronáutica de maior prestígio do mundo, só seriam consideradas para as competições dos prêmios as invenções de máquinas que:
- pudessem decolar de forma autônoma
- fossem completamente controladas pelo piloto
- cujas demonstrações fossem supervisionadas pela comissão da instituição, o que só poderia acontecer na França.
Levando isto em conta, Santos Dumont foi sim o autor do primeiro voo com uma máquina voadora mais pesada do que o ar de forma autônoma e com a presença da Comissão Avaliadora do Aeroclube da França.
O problema é que alguns historiadores da aeronáutica questionam bastante o fato do 14-bis ser uma máquina efetivamente controlada, com as suas inúmeras alavancas e comandos a aeronave funcionava muito como um balão.
Já no caso dos Irmãos Wright, o Flyer podia ser controlado com mais eficiência, porém não era capaz de levantar voo sozinho. Primeiro foram usados trilhos para impulsionar a aeronave, depois passou-se a utilizar uma torre que lançava um peso de 700 quilos capaz de impulsionar o Flyer, funcionando como uma catapulta.
Deste modo, as duas máquinas apresentavam pontos questionáveis e não completamente dentro das regras estabelecidas pelo Aeroclube da França. De qualquer forma os seus resultados eram inquestionáveis e pioneiros, contribuindo intensamente para o avanço da aeronáutica.
As duas máquinas tinham pesos e tamanho parecidos, com cerca de 200 quilos, 10 metros de comprimento e 12 metros de envergadura. Porém, enquanto que o 14-bis era pilotado em pé com um sistema de arnês ligado ao corpo, respeitando a origem de balonista de Santos Dumont, o Flyer pilotava-se deitado de bruços sendo controlado por duas alavancas.
Mas a principal diferença estava na própria conduta dos seus criadores. Os americanos estavam convencidos de que o melhor a fazer era manter o seu trabalho em segredo, longe dos olhos de seus concorrentes para evitar que suas ideias fossem copiadas, pois tinham um forte interesse comercial na venda do Flyer.

Já o brasileiro era um entusiasta da aviação e divulgava todos os seus feitos. Realizava demonstrações públicas, publicava os seus projetos e desenvolvia outras criações como os dirigíveis e até um helicóptero, que nunca chegou a ser testado. Atitude que ajudou a outros inventores a evoluir em suas próprias pesquisas e aprimorarem o trabalho.
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